6 de setembro de 2024
O painel abordou os requerimentos de asseguração das informações de sustentabilidade e contextualizou as diferenças significativas entre uma asseguração limitada e uma asseguração razoável. Também foi apresentada a linha de tempo dos requerimentos mandatórios de asseguração e a norma específica de asseguração para relatórios de sustentabilidade que passou recentemente por audiência pública e deve ser emitida internacionalmente até o final deste ano.
Participaram: André Cabral e Mauricio Colombari, membros do GT Sustentabilidade e ESG do Ibracon e Amaro Gomes, especialista convidado e membro de Comitês de Auditoria.
Contextualizando o tema, Andre Cabral comentou que muitas empresas planejam adotar as normas de divulgação de informações de sustentabilidade em 2026. No entanto, é essencial começar o processo o quanto antes, pois implementar uma cultura de controles internos robustos e precisos, demanda tempo.
“A asseguração razoável exige que os auditores realizem procedimentos mais profundos e detalhados para obter evidências suficientes para emitir uma opinião confiável. Para isso, as companhias precisam construir controles internos sólidos, possibilitando que os auditores obtenham a segurança necessária durante suas revisões”, explicou.
Os painelistas concordaram que sem sistemas bem definidos, critérios claros para a extração de dados, pessoas responsáveis e uma governança estruturada, o auditor pode encontrar dificuldades para seguir todo o processo necessário para emitir um relatório de asseguração razoável. “Essa é uma transição desafiadora, e as empresas precisam se preparar para o futuro”, concluiu Cabral.
Mauricio Colombari, comentou que a norma especifica exatamente o que o auditor deve fazer para validar o processo de materialidade da entidade no que diz respeito a relatórios de sustentabilidade. “Antes, realizávamos essa validação, mas não com o nível de detalhe que a ISA 5000 proporciona, o que considero um avanço bastante positivo”, opina.
“Uma questão importante que discutimos bastante no Ibracon e no mercado em geral é a aplicação da norma pelos auditores. Embora essa norma tenha sido desenvolvida principalmente para os auditores realizarem trabalhos de asseguração, outros profissionais também poderão adotá-la, desde que sigam determinados critérios, requisitos e premissas essenciais. Um ponto central é que o profissional que aplicar essa norma deve seguir o Código de Ética Internacional dos Profissionais da Contabilidade (IESBA), que traz princípios fundamentais como integridade, objetividade, confidencialidade e o cumprimento das exigências profissionais”, conclui Colombari.
Amaro Gomes, especialista convidado e membro de Comitês de Auditoria comentou que um dos grandes desafios não é apenas a adoção rápida das normas, mas também a capacitação de profissionais para realizar as auditorias. “Estima-se que cerca de 50 mil organizações precisarão elaborar relatórios de sustentabilidade sujeitos à auditoria com asseguração razoável. Isso cria uma grande demanda por talentos tanto nas empresas quanto nas auditorias”, comenta.
“É importante que o Conselho priorize ações alinhadas à estratégia de sustentabilidade e assuma a responsabilidade pelo monitoramento dessas ações e pelo relatório de sustentabilidade. O Comitê de Auditoria precisa de mais clareza em suas atribuições e capacitação técnica dos seus membros, pois, embora não seja diretamente identificado como responsável, já possui responsabilidades ligadas a sistemas de controle, gestão de risco e informações divulgadas ao público”, explica Gomes.
Encerramento
Sebastian Soares, presidente do Ibracon, trouxe mensagens finais do evento, ressaltando o objetivo primário. “O objetivo é que o Ibracon, em parceria com o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), os Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs), as associações, a academia e outros atores, seja um instrumento para treinar e capacitar todos os profissionais envolvidos com sustentabilidade. Isso é essencial, pois, como debatido ao longo das duas semanas de evento, a sustentabilidade é um tema que precisaremos dominar cada vez mais, especialmente considerando nossa responsabilidade enquanto contadores e auditores, tanto na elaboração quanto na preparação, divulgação e asseguração dessas informações”.
O presidente do Ibracon ressaltou que “essa é uma responsabilidade que não podemos ignorar. Assim como enfrentamos desafios no passado, como a adoção das IFRS em 2008 e 2010, quando o Brasil foi integrado ao contexto global das normas contábeis, superamos aqueles obstáculos e continuaremos a fazê-lo com os desafios atuais”.
Por Comunicação Ibracon
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