28 de junho de 2023
Convidados colocaram em discussão os principais assuntos levantados pelos painelistas
Ética, arcabouço fiscal, reforma tributária, desenvolvimento profissional, governança, sustentabilidade, transformação tecnológica, normas internacionais. Estes e outros temas permearam as palestras da manhã do primeiro dia da 13ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente, na terça (27/06), evento realizado pelo Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil, no Teatro Claro, em São Paulo, com transmissão ao vivo pela internet.
Para debater e aprofundar as questões relacionadas ao conteúdo apresentado pelos painelistas, estiveram presentes Monica Foerster, membro do Conselho de Administração (CA) do Ibracon, e Joaquim Bezerra, vice-presidente de Desenvolvimento Operacional do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). A mediadora da conversa foi Shirley Silva, diretora de Desenvolvimento Profissional do Ibracon.
Desafios profissionais
A conversa iniciou com o questionamento ao vice-presidente Operacional do CFC sobre os grandes desafios que os profissionais terão pela frente neste ano, que já começou com grandes mudanças. Para Joaquim Bezerra, além dos aspectos que envolvem a retomada das atividades rotineiras em um ritmo pré-pandemia, há os desafios do mercado, do cenário político, do sistema financeiro e da regulamentação profissional. “O Conselho Federal de Contabilidade, como um órgão regulador fiscalizador e normativo da profissão contábil, está presente em todas as variáveis desses grandes desafios. Não poderíamos estar desassociados. Portanto, temos nos dedicado a um trabalho de alinhamento com o mercado, com as parcerias existentes, que aqui foram evidenciadas, como a própria CVM e o Ibracon, bem como várias outras instituições do Brasil e do exterior”, disse o vice-presidente.
Ele também destacou temáticas que estão muito presentes na sociedade, como a da sustentabilidade, inclusão, diversidade e governança. “O CFC tem colocado esses temas em debate, além de trazermos a governança para ser incorporada em todo o seu sistema. Mais do que isso, nós temos rodado o Brasil todo, despertando a sensibilização da sociedade sobre a necessidade de fazer com que a governança funcione na prática”, destacou, mencionando uma recente reunião com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que aceitou o desafio de instrumentalizar a governança no município e liderar esse processo nas demais cidades do estado.
Sobre o arcabouço fiscal, Bezerra argumentou que ele só será colocado em prática se os princípios da governança estiverem sendo aplicados de forma eficiente no governo. No quesito da inovação tecnológica, o CFC, por meio de uma Comissão de Inovação e Tecnologia, vem discutindo os melhores caminhos para a adaptação à aceleração da digitalização. “Também é importante mencionar que o CFC, ao lado do Ibracon e da Academia Brasileira de Ciências Contábeis, vem discutindo a reformulação das diretrizes curriculares do curso de ciências contábeis, já pensando nas futuras gerações”, concluiu o vice-presidente.
Pequenas e médias firmas de auditoria
Questionada sobre as consequências das mudanças no cenário econômico nas Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Porte (FAPMP), Monica Foerster afirmou que existe uma preocupação muito grande, não só em termos da representatividade de firmas pequenas e médias, mas no que se refere à sociedade como um todo, sobre os impactos possíveis do arcabouço fiscal e da reforma tributária. “Me preocupa bastante porque, muitas vezes, tendemos a ver a repetição da história da corda que arrebenta para o lado mais fraco. Então, devemos ter muito cuidado em relação a essa análise sobre os rumos da economia, na sociedade como um todo”. Foerster também analisou que, no atual governo, deve voltar à discussão a questão da reforma trabalhista, e que, no caso de novas mudanças que venham a ser debatidas pelo poder público, é preciso pensar em atender os interesses dos diferentes setores produtivos de maneira harmônica. Sobre a questão da governança, ela afirmou que “temos que ter protagonismo, ser voz ativa não apenas para defender a nossa própria Bandeira, mas pensando no desenvolvimento e no bem de toda a sociedade”.
Frente parlamentar
Joaquim Bezerra também se posicionou sobre um questionamento relacionado à necessidade de o CFC, assim como vem priorizando o próprio Ibracon, de “elevar” sua voz nas discussões quem envolvem todo e qualquer tema relacionado à profissão contábil – sobretudo no que Shirley definiu como os “mares turbulentos que vêm se apresentado no horizonte”. “É importante que nós estejamos sempre enfrentando essas ventanias”, disse o vice-presidente Operacional do CFC, e acrescentou: “É isso o que a sociedade espera de uma classe profissional bem-preparada e pronta para responder às necessidades e as perguntas que lhe são postas”.
Segundo ele, o CFC vem construindo todo um protagonismo de discussão com a sociedade, por meio da frente parlamentar da categoria, sobretudo no que tange à reforma tributária. “De forma recorde, em 28 dias, nós nos mobilizamos e formamos a maior frente parlamentar mista do Congresso brasileiro. É a que contempla o maior número de deputados e senadores. Os temas que vem sendo postos e discutidos tratam de economia, de finanças e tributação”, declarou.
Ambiente regulatório internacional
E como fica, daqui por diante, o ambiente regulatório na perspectiva internacional? Monica Foerster reforçou o que foi apontado mais cedo pelo presidente da CVM, sobre a necessidade de o Brasil ser protagonista na discussão das normas relacionadas aos temas da sustentabilidade e de ESG como um todo. “Nós temos uma participação extremamente ativa em âmbito internacional, seja através da IFAC e dos boards de Ética e de Auditoria, assim como em relação às normas de contabilidade. Nós acompanhamos desde o início todas as discussões, todas as evoluções, todas as atualizações, por meio de diferentes representantes. Então, quando o João Pedro fala da questão do protagonismo, nós já o temos. O que precisamos fazer é reforçar e acompanhar também os novos desafios, essa reinvenção, esse novo formato da profissão na sociedade, mas nós estamos muito à frente da grande maioria dos países”, destacou.
Por Comunicação Ibracon
Para acessar este conteúdo é preciso estar logado como associado.