22 de setembro de 2022
Por Valdir Coscodai*
Nas duas primeiras décadas deste século, tivemos avanços significativos para a auditoria independente no Brasil e a contribuição foi de todos. A convergência das normas brasileiras às normas internacionais de contabilidade e de auditoria ocorrida há mais de uma década, foi de extrema importância para que alinhássemos o Brasil às melhores práticas internacionais e criássemos um ambiente mais favorável ao desenvolvimento da profissão e do mercado.
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) desenvolveu projetos importantes, com a participação atuante do Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil, como, por exemplo, o Programa de Educação Profissional Continuada, o exame de qualificação técnica, o cadastro nacional dos auditores independentes, a revisão externa de qualidade, a tradução recente das normas de gestão da qualidade, dentre outros. Todos eles, com o intuito de promover a qualidade nos serviços prestados pelas firmas de auditoria, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte.
Outro marco importante foi a aprovação da Lei 11.638/2007, que tornou obrigatória auditoria independente para todas as entidades com ativos acima de R$ 240 milhões e/ou receitas superiores a R$ 300 milhões e não mais apenas para as de capital aberto.
O mercado de capitais tem apresentado um crescimento importante no País. Nos últimos dois anos, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o aumento do número de empresas de capital aberto foi de 14,6%, passando de 630 para 722. Em junho de 2022, já havia 734 dessas organizações operando no mercado local. Há, ainda, várias companhias de nosso país listadas em bolsas no exterior, sendo aproximadamente 30 delas nos Estados Unidos.
Existem numerosas outras organizações para as quais a exigência de auditoria independente é compulsória, como entidades reguladas pelo Banco Central, SUSEP, ANS, PREVIC, ANEEL, ou por legislação específica como é o caso das entidades filantrópicas. Cresce também o número de entidades que não têm obrigatoriedade, mas contratam auditoria independente para aprimorar a gestão e a credibilidade, refletindo na competitividade.
A profunda mudança, em 2016, nos relatórios de auditoria, que passaram a ser muito mais comunicativos, contendo novas seções, com destaque para os Principais Assuntos de Auditoria (PAA), atendendo ao pleito dos participantes do mercado de capitais também merece destaque.
O Ibracon tem contribuído para a melhoria na regulação da profissão e do mercado. Além de promover, anualmente, a Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente, criou, em 2021, as Bandeiras da Auditoria Independente que representam um conjunto fundamental de pilares relevantes aos profissionais e a sociedade. São elas: “Relevância da Auditoria Independente para o mercado e a sociedade”; “Tecnologia como aliada da auditoria de alta qualidade”; “Pessoas como diferencial”; “Fortalecimento da cultura de diversidade e inclusão”; “Atividade baseada no desenvolvimento continuado”; e “Atividade como agente de mudanças”.
A auditoria também está com foco no tema ESG (Ambiental, Social e Governança Corporativa). Nesse sentido, destacamos a importante contribuição com a criação, pelo CFC, do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), com participação ativa do Ibracon, para que o Brasil possa participar na elaboração das normas a serem emitidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB) e adotá-las no ambiente brasileiro.
Todas as iniciativas visam ampliar a relevância e a excelência da auditoria e a diversidade em termos de etnia, credo, idade, gênero, ideologia, orientação sexual, habilidades e experiências. São respostas do setor na busca de um mercado cada vez melhor, uma economia mais próspera e inclusiva e uma sociedade mais harmoniosa e justa.
*Valdir Coscodai é o presidente do Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil.
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