25 de abril de 2018
Por Francisco Sant’Anna*
A demanda dos cidadãos por ética e probidade torna-se cada vez mais forte no Brasil e no mundo, mobilizando inclusive alguns dos mais influentes e representativos organismos multilaterais. Exemplo marcante disso foi a recente conferência na ONU, em Nova York, sob a “tributação e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável/Agenda 2030”. No encontro, as Nações Unidas, o Banco Mundial (BIRD), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) fizeram apelo aos países para que implementem mais transparência e estabeleçam mecanismos eficazes para combater a evasão fiscal, lavagem de dinheiro e os fluxos financeiros ilícitos.
É oportuno reafirmar tais propósitos neste momento no qual celebramos em nosso país o Dia do Profissional da Contabilidade (25 de abril). Afinal, há grande congruência entre seu trabalho e o anseio da sociedade por mais lisura e transparência nos setores público e privado e na interação entre ambos. A profissão, em todas as suas frentes — auditoria independente, escritórios de contabilidade e/ou áreas internas próprias das empresas —, têm a missão cada vez mais relevante de contribuir para a prevalência da integridade no âmbito de todas as organizações.
O papel dos profissionais da contabilidade, considerando as transformações dos mercados e as exigências crescentes da cidadania por condutas e princípios corretos, transcende à elaboração, análise e avaliação das demonstrações contábeis, ganhando cada vez mais importância também no tocante à orientação das organizações na direção de procedimentos técnicos e eticamente corretos. A busca por maior transparência, melhoria de processos e cultura preventiva da corrupção torna-se meta permanente a ser perseguida pelos gestores das áreas pública e privada.
A responsabilidade é grande no enfrentamento desse desafio. Por isso, os profissionais da contabilidade precisam estar abertos às mudanças que estão alterando o cenário da profissão e dos negócios. O mundo está em constante evolução, e a profissão precisa estar conectada e alinhada aos movimentos transformacionais e disruptivos, buscando um entendimento cada vez mais lúcido e amplo sobre a conjuntura brasileira, o cenário global e as tendências. É fundamental uma linguagem mais dinâmica e muito mais orientada aos negócios e ao mercado, obviamente obedecendo as diretrizes éticas e profissionais.
Os profissionais da contabilidade são elementos estratégicos na lógica do movimento mundial pela viabilização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que visam reduzir as disparidades econômicas, promover ampla inclusão socioeconômica, eliminar a miséria, universalizar a saúde e a educação de qualidade e prover vida melhor para a humanidade. Porém, nada disso será possível sem economias fortes e capacidade de investimento do Estado e da iniciativa privada, que, obviamente, são potencializados pela multiplicação de empresas mais produtivas, eficientes e lucrativas e governos mais responsáveis no plano fiscal e na gestão e aplicação dos recursos públicos.
Cada vez mais preparados em termos de conhecimento e uso inteligente das tecnologias, os profissionais da contabilidade têm consciência e capacidade para atender ao convite de protagonismo que o Brasil e o mundo lhes fazem.
*Francisco Sant’Anna é presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).
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